The Last of Us na vida real?

The last of us 2

Escrito por Sigla Educacional

17 de julho de 2023

The Last of Us é uma série estadunidense distópica baseada nos jogos de videogame de mesmo nome, cuja temática versa sobre um futuro pandêmico que foi devastador para a humanidade, restando poucos seres humanos no planeta. A causa dessa cena pós-apocalíptica narrada é a infecção causada por um fungo que atinge o cérebro e transforma a maioria dos seres humanos em uma espécie de zumbi canibal e é transmitida pela mordida do ser infectado. Ah, mas isso é uma série televisiva e completamente descolada da realidade. Será mesmo?

Claro que não estamos falando sobre seres transformados em zumbis canibais, mas sim da existência de fungos que atingem o cérebro levando a uma epidemia silenciosa e onerosa na África, sobretudo na África Subsaariana. Mas porque nessa região específica da África? Nessa região há uma alta incidência de infecções por HIV, falta de acesso à assistência médico-hospitalar de qualidade e indisponibilidade de medicamentos antifúngicos eficazes.

Outra pergunta que você pode estar se fazendo, as infecções fúngicas nunca existiram? A resposta é: elas sempre existiram, porém não representavam uma ameaça à saúde do homem, já que a maior parte dos fungos morre na temperatura do corpo humano, 37oC. Soma-se a isso a capacidade do próprio organismo humano ser capaz de combater as infecções fúngicas, exceto quando o sistema imunológico está enfraquecido, dai a explicação dos indivíduos HIV+ serem mais susceptíveis à infecção fúngica.

The last of us A epidemia fúngica que atinge a África atualmente é causada pelo fungo Cryptococcus neoformans, causador da meningite criptocócica. O fungo em questão pode ser encontrado no solo e no excremento de aves. A infecção se dá pela inalação dos esporos do fungo que ocasiona uma pneumonia fúngica e uma posterior infecção cerebral que, muito provavelmente, será fatal.

A criptococose é uma importante infecção oportunista que causa mais de 100.000 mortes relacionadas ao HIV a cada ano. Foi chamada de doença de Busse-Buschke por causa de sua primeira descrição por Otto Busse e Abraham Buschke em 1894. Embora a infecção seja geralmente relacionada ao HIV, em muitos centros (especialmente em países desenvolvidos), a maioria dos casos não relacionados ao HIV inclui pacientes sob tratamentos imunossupressores ou com síndromes de falência orgânica, transplantes, problemas imunológicos inatos, síndrome de imunodeficiência comum variável e distúrbios hematológicos.

Ah, mas existem antifúngicos no mercado, por que não os utilizar? Respondo, o tratamento o muito caro para grande parte das pessoas afetadas. Os custos do tratamento antifúngico completo de duas semanas variam, individualmente, de US$1,4 mil e US$2,5 mil.

Infelizmente, doenças causadas por fungos são uma ameaça real e estão aumentando a pressão sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados e contam com um arsenal bastante limitado de opções de tratamento. Políticas públicas devem ter olhos para essa ameaça, melhorando, assim, a capacidade de lidar com elas.

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