Transtorno do Espectro Autista: a importância da intervenção fonoaudiológica precoce em crianças
A intervenção precoce em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é considerada uma das estratégias mais eficazes para potencializar o desenvolvimento global, especialmente nos domínios da comunicação e da linguagem. A atuação fonoaudiológica, nesse contexto, desempenha um papel central, uma vez que visa promover habilidades sociocomunicativas, favorecer a interação social e reduzir os impactos das dificuldades comunicativas na vida cotidiana.
Estudos indicam que quanto mais cedo se inicia o acompanhamento fonoaudiológico, maiores são as chances de promover ganhos funcionais significativos, pois a plasticidade cerebral na primeira infância oferece condições propícias para a aquisição e o fortalecimento de habilidades (Cattolin, Resegue & Rosário, 2022). Nesse sentido, o ambiente em que a criança está inserida e a qualidade das interações sociais exercem influência direta no desenvolvimento neuropsicomotor e comunicativo.
A literatura aponta que os primeiros anos de vida são fundamentais para o estabelecimento das bases da comunicação. Aquino e Salomão (2011), em estudo longitudinal, demonstraram que as habilidades sociocomunicativas dos bebês no primeiro ano de vida são preditores importantes para o desenvolvimento posterior da linguagem, reforçando a relevância de monitorar e intervir diante de sinais precoces de alterações.
No caso específico do TEA, pesquisas clássicas já descreviam diferenças nos perfis comunicativos e cognitivo-sociais de crianças autistas, com destaque para déficits na atenção compartilhada, no uso funcional da linguagem e na reciprocidade social (Wetherby & Prutting, 1984). Esses achados justificam a necessidade de abordagens terapêuticas que não apenas estimulem a fala, mas também ampliem repertórios comunicativos alternativos e multimodais.
Mais recentemente, evidências reforçam que protocolos de intervenção fonoaudiológica voltados ao TEA devem considerar tanto a singularidade de cada criança quanto a importância da participação familiar e escolar. Estratégias interativas e naturalísticas, associadas a orientações aos cuidadores, têm mostrado resultados positivos na ampliação da comunicação funcional e na redução de comportamentos restritivos (CoDAS, 2025).
Assim, a intervenção precoce fonoaudiológica em crianças com TEA não se limita à estimulação da linguagem verbal, mas envolve a construção de condições que favoreçam a comunicação global, a interação social e a autonomia da criança em diferentes contextos. Trata-se de um processo que integra evidências científicas, práticas clínicas e participação ativa da família, contribuindo para melhorar a qualidade de vida e ampliar as oportunidades de inclusão social e educacional.
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