A importância da fonoaudiologia no tratamento do ronco e da apneia do sono
O ronco e a apneia do sono são problemas que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Além do incômodo para quem dorme próximo, essas alterações podem comprometer a saúde, a qualidade de vida e o desempenho diário.
O que muitos não sabem é que o fonoaudiólogo tem um papel importante no tratamento desses distúrbios, principalmente por meio de exercícios que fortalecem a musculatura da boca e da garganta, melhorando a respiração durante o sono.
O ronco é produzido pela vibração dos tecidos da garganta quando há dificuldade na passagem do ar pelas vias respiratórias. Já a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) ocorre quando há pausas na respiração durante o sono, devido ao fechamento temporário das vias aéreas superiores (Tufik; Santos-Silva; Taddei; Bittencourt, 2010).
Essas pausas reduzem a oxigenação e interrompem o descanso profundo, levando a sintomas como cansaço diurno, dores de cabeça, irritabilidade e dificuldade de concentração. Em longo prazo, podem aumentar o risco de hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e metabólicas (Lopes et al., 2022).
Estudos têm mostrado que a fonoaudiologia desempenha papel relevante no controle do ronco e da apneia. Segundo Soares (2010), o tratamento fonoaudiológico tem como foco a reeducação da musculatura orofacial e das vias aéreas superiores, por meio de exercícios específicos que fortalecem língua, bochechas, palato mole e faringe.
Essa abordagem é conhecida como terapia miofuncional orofacial. Ela visa melhorar o tônus e a coordenação dos músculos envolvidos na respiração, na deglutição e na fala, o que contribui para a redução do colapso das vias aéreas durante o sono.
Pesquisas indicam que essa intervenção pode reduzir em até 50% o número de paradas respiratórias em pacientes com apneia leve ou moderada, além de diminuir o ronco e melhorar a qualidade do sono (Guimarães et al., 2009).
O fortalecimento dos músculos orofaciais evita que as estruturas da garganta se tornem flácidas, prevenindo o fechamento das vias respiratórias. Além disso, o fonoaudiólogo pode identificar padrões respiratórios inadequados, como a respiração bucal, e trabalhar para restabelecer a respiração nasal funcional (Soares, 2010).
A atuação fonoaudiológica costuma ser complementar ao tratamento médico e odontológico. Enquanto o uso de dispositivos como o CPAP (aparelho de pressão positiva contínua) ou os aparelhos intraorais mantém as vias aéreas abertas, a fonoaudiologia atua na reeducação muscular, proporcionando benefícios sustentáveis e não invasivos (Lopes et al., 2022).
Alguns sinais de alerta que podem indicar a necessidade de avaliação incluem:
- Ronco alto e frequente, com pausas na respiração durante o sono;
- Sonolência excessiva durante o dia e sensação de cansaço constante;
- Dificuldade de concentração, irritabilidade ou dor de cabeça matinal;
- Boca seca ao acordar e respiração bucal habitual.
Diante desses sintomas, é importante procurar um otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo especializado em motricidade orofacial. O diagnóstico preciso é essencial para definir o tratamento adequado.
O ronco e a apneia do sono não devem ser vistos apenas como incômodos noturnos. Eles são sinais de que a respiração está comprometida, o que pode ter sérias repercussões para a saúde.
A fonoaudiologia, por meio da terapia miofuncional orofacial, tem se mostrado uma alternativa segura, acessível e eficaz para auxiliar no controle desses distúrbios, melhorando a qualidade do sono e, consequentemente, a qualidade de vida.











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